O tempo, esse senhor impiedoso e belo que a ninguém perdoa
ou salva, que de ninguém esquece. Que enfileira sonhos como contas em um colar,
só pra depois usar e arrebentar o fio, displicentemente. Que passa e faz
estragos, que a tudo muda e transforma e destrói.
Tanto que, mesmo que me olhem com atenção desmedida e
esquadrinhem meu coração com a mais potente visão de raio X, nada encontrarão a
não ser vestígios de um ridículo par de asas, herança maldita de um passado
distante, já um tanto disforme e desbotada, mas que teima em seguir comigo
instigando-me a lembrar de um tempo menos impiedoso, em que, a despeito das quedas
e feridas abertas sangrando, ainda me
permitiam voar.
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